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domingo, 20 de agosto de 2017

O Patinho Feio...

ERA UMA VEZ uma mamãe pata que teve 5 ovos. Ela esperava ansiosamente pelo dia em que os seus ovos quebrassem e deles nascessem os seus queridos filhos!

Quando esse dia chegou, os ovos da mamã pata começaram a abrir, um a um, e ela, alegremente, começou a saudar os seus novos patinhos. Mas o último ovo demorou mais a partir, e a mamã começou a ficar nervosa…

Finalmente, a casca quebrou e, para surpresa da mamãe pata, de lá saiu um patinho muito diferente de todos os seus outros filhos.

- Este patinho feio não pode ser meu! Exclama a mamãe pata.

- Alguém te pregou uma partida. Afirma a vizinha galinha.

Os dias passaram e, à medida que os patinhos cresciam, o patinho feio tornava-se cada vez mais diferente dos outros patinhos.

Cansado de ser gozado pelos seus irmãos e por todos os animais da quinta, o patinho feio decide partir.

Irmãos fazem pouco do patinho feio mesmo longe da quinta, o patinho não conseguiu paz, pois os seus irmãos perseguiam-no por todo o lago, gritando:

- És o pato mais feio que nós alguma vez vimos!

E, para onde quer que fosse, todos os animais que encontrava faziam troça dele.

- Que hei de eu fazer? Para onde hei de ir? O patinho sentia-se muito triste e abandonado.

Com a chegada do inverno, o patinho cansado e cheio de fome encontra uma casa e pensa:

- Talvez aqui encontre alguém que goste de mim! E assim foi.

O patinho passou o inverno aconchegadinho, numa casa quentinha e na companhia de quem gostava dele. Tudo teria corrido bem se não tivesse chegado a primavera e com ela, um gato malvado, que enganando os donos da casa, correu com o patinho para fora dali!

- Mais uma vez estou sozinho e infeliz… Suspirou o patinho feio.

O patinho seguiu o seu caminho e, ao chegar a um grande lago, refugiou-se junto a uns juncos, e ali ficou durante vários dias.

Um dia, muito cedo, o patinho feio foi acordado por vozes de crianças.

- Olha! Um recém-chegado! Gritou uma das crianças. Todas as outras crianças davam gritos de alegria.

- E é tão bonito! Dizia outra.

Bonito?... De quem estarão a falar? Pensou o patinho feio.

De repente, o patinho feio viu que todos olhavam para ele e, ao ver o seu reflexo na água, viu um grande e elegante cisne.

- Oh!... Exclama o patinho admirado. Crianças e outros cisnes admiravam a sua beleza e cumprimentavam-no alegremente.

Afinal ele não era um patinho feio mas um belo e jovem cisne!

O patinho feio descobre que é um cisne!!


A partir desse dia, não houve mais tristezas, e o patinho feio que agora era um belo cisne, viveu feliz para sempre! (Hans Christian Andersen)

domingo, 13 de agosto de 2017

A Vida e os Vasos Quebrados!

Os japoneses acreditam que quando um objeto quebra, vale a pena consertá-lo, pois ele não perde seu valor, ao ser consertado, ele torna-se um objeto único e especial. E passa a valer mais do que antes.

Para colar os objetos quebrados, os japoneses preenchem as rachaduras com ouro. A colagem com ouro, é uma arte de consertar peças de porcelana quebrada com uma resina de laquê e ouro em pó.

Essa arte se originou quando o shogun Ashikaga Yoshimasa mandou uma tigela chinesa de chá quebrada para restauração na China no século XV. A tigela voltou com horrorosos grampos de metal, o que desagradou o shogun. Então, ele ordenou que os artesãos japoneses fizessem um trabalho esteticamente mais agradável. O resultado foi a criação da técnica do Kintsugi.

Kintsugi: A arte de restaurar e valorizar a história”, (金継ぎ) (Em Japonês, colagem com ouro).

Comparando com nossa vida, os objetos quebrados e colados, são as marcas que adquirimos ao longo da vida, e jamais devem ser esquecidas, pois servirão de alicerce para novas marcas.

A nossa vida é recheada de pequenos cacos consertados pelo tempo e, são estes concertos que nos acrescentam experiências e sabedoria.

Assim seguimos em frente com muita força e mais amor pela vida!

Se toda vez que nos despedaçarmos fossemos trocados, que valor sentimental teríamos na vida?


E que nunca nos falte coragem nos momentos em que nos sentirmos como um vaso quebrado!

(desconheço autoria)

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Os Sapatinhos Vermelhos

Era uma vez uma pobre órfã que não tinha sapatos. Essa criança guardava os trapos que pudesse encontrar e, com o tempo, conseguiu costurar um par de sapatos vermelhos. Eles eram grosseiros, mas ela os adorava. Eles faziam com que ela se sentisse rica, apesar de ela passar seus dias procurando alimento nos bosques espinhosos até muito depois de escurecer.

Um dia, porém, quando ela vinha caminhando com dificuldade pela estrada, maltrapilha e com seus sapatos vermelhos, uma carruagem dourada parou ao seu lado. Dentro dela, havia uma senhora de idade que lhe disse que ia levá-la para casa e tratá-la como se fosse sua própria filhinha. E assim lá foram elas para a casa da rica senhora, e o cabelo da menina foi lavado e penteado. Deram-lhe roupas de baixo de um branco puríssimo, um belo vestido de lã, meias brancas e reluzentes sapatos pretos. 

Quando a menina perguntou pelas roupas velhas, e em especial pelos sapatos vermelhos, a senhora disse que as roupas estavam tão imundas e os sapatos eram tão ridículos que ela os jogara no fogo, onde se reduziram a cinzas.

A menina ficou muito triste, pois, mesmo com toda a fortuna que a cercava, os modestos sapatos vermelhos feitos por suas próprias mãos haviam lhe dado uma felicidade imensa. Agora, ela era obrigada a ficar sentada quieta o tempo todo, a caminhar sem saltitar e a não falar a não ser que falassem com ela, mas uma chama secreta começou a arder no seu coração e ela continuou a suspirar pelos seus velhos sapatos vermelhos mais do que por qualquer outra coisa.

Como a menina tinha idade suficiente para ser crismada no dia do sacramento, a senhora levou-a a um velho sapateiro aleijado para que ele fizesse um par de sapatos especiais para a ocasião. Na vitrina do sapateiro havia um par de lindíssimos sapatos vermelhos do melhor couro. Eles praticamente refulgiam. Pois, apesar de sapatos vermelhos serem escandalosos para se ir à igreja, a menina, que só sabia decidir com seu coração faminto, escolheu os sapatos vermelhos. A vista da velha senhora era tão fraca que ela, sem perceber a cor dos sapatos, pagou por eles. O velho sapateiro piscou para a menina e embrulhou os sapatos.

No dia seguinte, os membros da congregação ficaram alvoroçados com os sapatos da menina. Os sapatos vermelhos brilhavam como maçãs polidas, como corações, como ameixas tingidas de vermelho. Todos olhavam carrancudos. Até os ícones na parede, até as estátuas não tiravam os olhos reprovadores dos sapatos. A menina, no entanto, gostava cada vez mais deles. Por isso, quando o bispo começou a salmodiar, o coro a cantarolar, o órgão a soar, a menina não achou que nada disso fosse mais belo que os seus sapatos vermelhos.

Antes do final do dia, a velha senhora já estava informada dos sapatos vermelhos da sua protegida.
— Nunca, nunca mais use esses sapatos vermelhos! — ameaçou a velha. No domingo seguinte, porém, a menina não conseguiu deixar de preferir os sapatos vermelhos aos pretos, e ela e a velha senhora caminharam até a igreja como de costume.

À porta do templo estava um velho soldado com o braço numa tipóia. Ele usava uma jaqueta curta e tinha a barba ruiva. Ele fez uma mesura e pediu permissão para tirar o pó dos sapatos da menina. Ela estendeu o pé, e ele tamborilou na sola dos sapatos uma musiquinha compassada que lhe deu cócegas nas solas dos pés.

— Lembre-se de ficar para o baile — disse ele, sorrindo e piscando um olho para ela.
Mais uma vez, todos lançaram olhares reprovadores para os sapatos vermelhos da menina. Ela, no entanto, adorava tanto esses sapatos que brilhavam como o carmim, como framboesas, como romãs, que não conseguia pensar em mais nada, que mal prestou atenção no culto. Estava tão ocupada virando os pés para lá e para cá para admirar os sapatos que se esqueceu de cantar.

— Que belas sapatilhas! — exclamou o soldado ferido quando ela e a velha senhora saíam da igreja. Essas palavras fizeram a menina dar alguns rodopios ali mesmo. No entanto, depois que seus pés começaram a se movimentar, eles não queriam mais parar; e ela atravessou dançando os canteiros e dobrou a esquina da igreja até dar a impressão de ter perdido totalmente o controle de si mesma. Ela dançou uma gavota, depois uma csárdás e saiu valsando pelos campos do outro lado da estrada.

O cocheiro da velha senhora saltou do seu banco e correu atrás da menina. Ele a segurou e a trouxe de volta para a carruagem, mas os pés da menina, nos sapatos vermelhos, continuavam a dançar no ar como se ainda estivessem no chão. A velha senhora e o cocheiro começaram a puxar e a forçar, na tentativa de arrancar os sapatos vermelhos dos pés da menina. Foi um horror. Só se viam chapéus caídos e pernas que escoiceavam, mas afinal os pés da menina se acalmaram.

De volta à casa, a velha senhora enfiou os sapatos vermelhos no alto de uma prateleira e avisou a menina para nunca mais calçá-los. No entanto, a menina não conseguia deixar de olhar para eles e ansiar por eles. Para ela, eles eram o que havia de mais lindo no planeta.

Não muito tempo depois, o destino quis que a velha senhora caísse de cama e, assim que os médicos saíram, a menina entrou sorrateira no quarto onde eram guardados os sapatos vermelhos. Ela os contemplou lá no alto da prateleira. Seu olhar tornou-se fixo e provocou nela um desejo tão forte que a menina tirou os sapatos da prateleira e os calçou, na crença de que eles não lhe fariam mal algum. Só que, no instante em que eles tocaram seus calcanhares e seus dedos, ela foi dominada pelo impulso de dançar.

E saiu dançando porta afora e escada abaixo, primeiro uma gavota, depois uma csárdás e em seguida giros arrojados de valsa em rápida sucessão. A menina estava num momento de glória e não percebeu que enfrentava dificuldades até que teve vontade de dançar para a esquerda e os sapatos insistiram em dançar para a direita. Quando ela queria dançar em círculos, os sapatos teimavam em seguir em linha reta. E, como eram os sapatos que comandavam a menina, em vez do contrário, eles a fizeram dançar estrada abaixo, atravessar os campos enlameados e penetrar na floresta soturna e sombria.
Ali, encostado numa árvore, estava o velho soldado de barba ruiva, com o braço na tipóia e usando sua jaqueta curta.

— Puxa — disse ele —, que belas sapatilhas!

Apavorada, a menina tentou tirar os sapatos, mas por mais que puxasse, eles continuavam firmes. Ela saltava primeiro num pé, depois no outro, para tentar tirá-los, mas o pé que estava no chão continuava dançando assim mesmo e o outro pé na sua mão também fazia seu papel na dança.

E assim, ela dançava e dançava sem parar. Por sobre os montes mais altos e pelos vales afora, na chuva, na neve e ao sol, ela dançava. Ela dançava na noite mais escura, no amanhecer e continuava dançando também ao escurecer. Só que não era uma dança agradável. Era terrível, e não havia descanso para a menina.

Ela entrou no adro de uma igreja e ali um espírito guardião não quis permitir que ela entrasse.

— Você irá dançar com esses sapatos vermelhos — proclamou o espírito — até que fique como uma alma penada, como um fantasma, até que sua pele pareça suspensa dos ossos, até que não sobre nada de você a não ser entranhas dançando. Você irá dançar de porta em porta por todas as aldeias e baterá três vezes a cada porta. E, quando as pessoas espiarem quem é, verão que é você e temerão que seu destino se abata sobre elas. Dancem, sapatos vermelhos. Vocês devem dançar.

A menina implorou misericórdia mas, antes que pudesse continuar a suplicar, os sapatos vermelhos a levaram embora. Ela dançou por cima das urzes, através dos riachos, por cima de cercas-vivas, sem parar. Ainda dançava quando voltou à sua antiga casa e viu pessoas de luto. A velha senhora que a havia abrigado estava morta. Mesmo assim, ela passou dançando. Dançava porque não podia deixar de dançar. Totalmente exausta e apavorada, ela entrou dançando numa floresta onde morava o carrasco da cidade. E o machado na parede começou a tremer assim que pressentiu que ela se aproximava.

— Por favor! — implorou ela ao carrasco quando passou pela sua porta. — Por favor, corte fora meus sapatos para me livrar desse destino horrível.

O carrasco cortou fora as tiras dos sapatos vermelhos com o machado, mas os sapatos não se soltaram dos pés da menina. Ela se lamentou, então, dizendo que sua vida não valia mesmo nada e que ele deveria amputar-lhe os pés. Foi o que ele fez. Com isso, os sapatos vermelhos com os pés neles continuaram dançando floresta afora e morro acima até desaparecerem. A menina era, agora, uma pobre aleijada e teve de descobrir um jeito de sobreviver no mundo trabalhando como criada. E nunca mais ansiou por sapatos vermelhos.


Mulheres Que Correm Com Os Lobos
Mitos e Histórias do Arquétipos da Mulher Selvagem
Clarissa Pinkola Estés, Editora Rocco

segunda-feira, 20 de março de 2017

A águia

A águia é a ave de maior longevidade, podendo chegar aos 70 anos. De maior envergadura de asas, pois abertas podem chegar a 86 cm de comprimento, sua visão é de 300 graus, quase o dobro do ser humano.

Com uma membrana nictante é o único ser que pode olhar direto para o sol. Na forte tempestade não se esconde nem tenta inutilmente enfrentá-la, mas voa acima dela. Fiel a uma única companheira, nunca em bandos, mas sempre sozinha e altaneira, caçadora, guerreira e corajosa, imponente, bela e preciosa no voar e no ataque.

Mas vamos ao mais fascinante: aos 40 anos suas unhas estão compridas e flexíveis e não conseguem mais segurar suas presas. Seu bico se encurva e não morde mais com força, suas asas pesadas e envelhecidas dificultam o seu voo.

Só há dois caminhos: deixar-se morrer ou renovar-se num doloroso e longo processo de 5 meses.

Ela voa para o ninho num paredão no alto da montanha, fica protegida, mas só poderá sair se novamente for capaz de voar. Lá suporta corajosamente a dor.


Ela bate o bico velho contra a pedra até arrancá-lo, espera nascer um novo bico e com ele novamente suportando a dor, arranca as velhas unhas. Novamente espera que nasçam novas unhas e com elas arranca as velhas penas.

Após 5 meses com novas asas, se lançará no voo da vitória e renovação e viverá mais 30 anos. Aos 40 anos renascerá para mais 30 anos, totalizando 70 anos.

Muitas pessoas vivem em constantes brigas e lamentos, vidas de ressentimentos e medo, sem coragem e força para o ritual da renovação do renascimento.

Destrua o bico do ressentimento, arranque as unhas da agressividade, retire as penas do medo que te impedem de voar.

A decisão é só tua! Vai viver como urubu que se alimenta do podre do passado, do que está morto, ou vai voar livre acima da tempestade, recebendo a luz do sol como a águia?

Decida pela vida, voe…
(autor desconhecido)