Contato

domingo, 30 de dezembro de 2012

A Estrela do Mar

Era uma vez um escritor que morava em uma tranquila praia, junto de uma colônia de pescadores. Todas as manhãs ele caminhava à beira do mar para se inspirar, e à tarde ficava em casa escrevendo. Certo dia, caminhando na praia, ele viu um vulto que parecia dançar. Ao chegar perto, ele reparou que se tratava de um jovem que recolhia estrelas-do-mar da areia para, uma por uma, jogá-las novamente de volta ao oceano.
“Por que está fazendo isso?” perguntou o escritor.
“Você não vê?” explicou o jovem “A maré está baixa e o sol está brilhando. Elas irão secar e morrer se ficarem aqui na areia”.
O escritor espantou-se:
“Meu jovem, existem milhares de quilômetros de praias por este mundo afora, e centenas de milhares de estrelas-do-mar espalhadas pela praia. Que diferença faz? Você joga umas poucas de volta ao oceano. A maioria vai perecer de qualquer forma”.
O jovem pegou mais uma estrela na praia, jogou de volta ao oceano e olhou para o escritor:
“Para essa aqui eu fiz a diferença…”
Naquela noite o escritor não conseguiu escrever, sequer dormir. Pela manhã, voltou à praia, procurou o jovem, uniu-se a ele e, juntos, começaram a jogar estrelas-do-mar de volta ao oceano.
Faça diferença na vida de alguém hoje. Uma palavra de estímulo, um pequeno elogio é algo que com certeza vai ser importante.

autor desconhecido

Prólogo - O Manual do guerreiro da luz


“Na praia a leste da aldeia existe uma ilha, com um gigantesco templo, cheio de sinos”, disse a mulher. 
O menino jamais a vira por ali; reparou que ela vestia roupas estranhas, e tinha um véu cobrindo os cabelos. 
“Você já viu este templo? “ perguntou ela. “Vá lá e me conte o que acha dele” 
Seduzido pela beleza da mulher, o menino foi até o lugar indicado. Sentou-se na areia e olhou o horizonte, mas não viu nada além do que estava acostumado a ver: o céu azul que se juntava ao oceano. 
Decepcionado, caminhou até um povoado de pescadores vizinho, para perguntar se já haviam escutado falar de uma ilha com um templo. 
“Ah, isto foi há muito tempo atrás, no tempo em que os meus bisavós moravam por aqui” - disse um velho pescador. - “Mas houve um terremoto, e a ilha afundou no mar. Entretanto, embora já não possamos mais ver a ilha, ainda conseguimos escutar os sinos do seu templo, quando o mar os faz balançar lá no fundo”. 
O menino voltou para a praia, e tentou escutar os sinos. Passou a tarde inteira ali, mas só conseguiu ouvir o ruído das ondas e os gritos das gaivotas. 
Quando a noite chegou, seus pais vieram buscá-lo. Mas, na manhã seguinte, e ele voltou para a praia; a imagem da bela mulher não lhe saía da cabeça, e ele não podia acreditar que uma pessoa tão linda pudesse contar mentiras. Se algum dia ela voltasse, poderia dizer que não vira a ilha, mas escutara os sinos do templo, que o movimento da água fazia tocar. 
Assim se passaram muitos meses; a mulher não voltou, e o garoto a esqueceu; mas continuava a se lembrar que havia um templo debaixo d’água, e num templo sempre existem riquezas e tesouros. Se escutasse os sinos, o menino teria certeza de que eles falavam a verdade; assim quando ficasse grande, poderia juntar dinheiro suficiente para fazer uma expedição e resgatar o tesouro ali escondido. 
Já não se interessava mais pela escola, nem pela sua turma de amigos. Transformou-se no gracejo preferido das outras crianças, que costumavam dizer: “ele não é mais como nós. Prefere ficar olhando o mar, e evita jogar conosco, porque tem medo de perder”. 
E todos riam, vendo menino sentado na beira da praia. Embora não conseguisse escutar os velhos sinos do templo, o menino - a cada manhã - ia aprendendo coisas diferentes. Começou a perceber que, de tanto ouvir o ruído das ondas, já não se deixava distrair por elas. Pouco tempo depois, acostumou-se também com os gritos das gaivotas, o zumbido das abelhas, o vento batendo nas folhas das palmeiras. 
Seis meses depois de sua primeira conversa com o mulher, o menino já era capaz de não se deixar distrair por nenhum barulho - mas tampouco escutava os sinos do templo afundado. 
Outros pescadores vieram falar com ele, e insistiam: “nós ouvimos!”, diziam. 
Mas o garoto não conseguia. Algum tempo depois, os pescadores mudaram de conversa: “você está muito preocupado com o barulho dos sinos lá embaixo; deixa isto para lá e volte a brincar com seus amigos. Talvez apenas os pescadores consigam escutá-los”. 
Depois de quase um ano, o menino resolveu desistir: “talvez estes homens tenham razão. É melhor crescer, tornar-me pescador, e voltar todas as manhãs para esta praia; então eu ouvirei os sinos.” E pensou também: “talvez isto tudo seja uma lenda, e - com o terremoto - os sinos se tenham quebrado e jamais tornem a tocar. “ 
Naquela tarde, resolveu voltar para casa. Aproximou-se do oceano, para despedir-se. Olhou mais uma vez a natureza, e - como já que não estava mais preocupado com sinos - pode sorrir com beleza do canto das gaivotas, o barulho do mar, o vento batendo nas folhas das palmeiras. Escutou ao longe a voz de seus amigos brincando, e sentiu-se alegre por saber que podia voltar aos jogos de sua infância. Talvez rissem dele, mas longo esqueceriam o ocorrido, e o aceitariam de volta. O menino estava contente, e - da maneira que só uma criança sabe fazer - agradeceu por estar vivo. Tinha certeza de que não perdera o seu tempo, pois aprendera a contemplar e reverenciar a Natureza. 
Então, porque escutava o mar, as gaivotas, o vento, as folhas das palmeiras, e as vozes de seus amigos brincando, ouviu também o primeiro sino. E mais outro, ate' que todos os sinos do templo afundado tocaram, para a sua alegria. 
Anos depois - já um homem - ele voltou à aldeia e à praia da sua infância. Não pretendia resgatar nenhum tesouro do fundo do mar; talvez aquilo tudo fosse fruto de sua imaginação infantil, e jamais escutara mesmo os sinos submersos. Mesmo assim, resolveu ir até a praia, para ouvir o barulho do vento e o canto das gaivotas. 
Qual foi sua surpresa ao ver, sentada na areia, a mulher que primeiro lhe falara da ilha com seu templo 
“O que faz aqui? “ perguntou. “Esperava você”, respondeu ela. Ele reparou que - embora já muitos anos se tivessem passado - a mulher ainda conservava a mesma aparência; o mesmo véu escondia seus cabelos, e não parecia desbotado pelo tempo. 
Ela estendeu-lhe um caderno azul, com as folhas em branco. 
“Escreve: um guerreiro da luz presta atenção nos olhos de uma criança. Porque elas sabem ver o mundo sem amargura. Quando ele deseja saber se a pessoa ao seu lado é digna de sua confiança, procura ver como uma criança a olha”. 
“O que é um guerreiro da luz? “. “Você sabe”, respondeu ela, sorrindo. “É aquele que é capaz de entender o milagre da vida, lutar até o final por algo em que acredita, e - então - escutar os sinos que o mar faz tocar em seu leito”. 
Ele jamais se julgara um guerreiro da luz. A mulher pareceu adivinhar seu pensamento. 
“Todos são capazes disto. E ninguém se julga guerreiro da luz, embora todos sejam.” 
Ele olhou as páginas do caderno. “Que tal se você resolvesse falar um pouco disso?” perguntou. “Eu poderia anotar suas palavras”. 
A mulher sorriu de novo. “ Foi para isto que eu trouxe o caderno”, ela disse. “Escreve”.
Paulo Coelho



sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Escolhas da Vida


João era o tipo do cara que você gostaria de conhecer. Ele estava sempre de bom humor e sempre tinha algo de positivo para dizer. Quando alguém lhe perguntava como ele estava, a resposta seria algo:

- Se melhorar estraga.

Ele era um gerente especial pois seus garçons o seguiam de restaurante em restaurante apenas pelas suas atitudes. Ele era um motivador nato. Se um colaborador estava tendo um dia ruim, João estava sempre dizendo como ver o lado positivo da situação. Fiquei tão curioso com seu estilo de vida que um dia lhe perguntei:

- Você não pode ser uma pessoa tão positiva todo o tempo. Como você faz isso?

Ele me respondeu:

- A cada manhã ao acordar digo para mim mesmo: João, você tem duas escolhas hoje. Pode ficar de bom humor ou de mau humor. Eu escolho ficar de bom humor. Cada vez que algo de ruim acontece, posso escolher bancar a vítima ou aprender alguma coisa com o ocorrido. Eu escolho aprender algo. Toda vez que alguém reclamar, posso escolher aceitar a reclamação ou mostrar o lado positivo da vida.

- Certo, mas não é fácil - argumentei.

- É fácil - disse-me João. - A vida é feita de escolhas. Quando você examina a fundo, em toda a situação sempre há uma escolha. Você escolhe como reagir às situações. Você escolhe como as pessoas afetarão o seu humor.

É sua a escolha de como viver a sua vida.

Eu pensei sobre o que João disse, e sempre lembrava dele quando fazia uma escolha. Anos mais tarde soube que João cometera um erro, deixando a porta de serviço aberta pela manhã, foi rendido por assaltantes.

Dominado, enquanto tentava abrir o cofre, sua mão, tremendo pelo nervosismo, desfez a combinação do segredo. Os ladrões entraram em pânico e atiraram nele. Por sorte ele foi encontrado a tempo de ser socorrido e levado para um hospital. Depois de 18 horas de cirurgia e semanas de tratamento intensivo, teve alta ainda com fragmentos de balas alojadas em seu corpo. Encontrei João mais ou menos por acaso. Quando lhe perguntei como estava, respondeu:

- Se melhorar estraga.

Contou-me o que havia acontecido perguntando:

- Quer ver minhas cicatrizes?

Recusei ver seus antigos ferimentos mas perguntei-lhe o que havia passado em sua mente na ocasião do assalto.

- A primeira coisa que pensei foi que deveria ter trancado a porta de trás - respondeu. - Então deitado no chão, ensangüentado, lembrei que tinha duas escolhas: poderia viver ou morrer. Escolhi viver.

- Você não estava com medo? - perguntei.

- Os paramédicos foram ótimos. Eles me diziam que tudo ia dar certo e que eu ia ficar bom. Mas quando entrei na sala de emergência e vi a expressão dos médicos e enfermeiras, fiquei apavorado. Em seus lábios eu lia: "este aí já era". Decidi então que tinha que fazer algo.

- O que fez? - perguntei.

- Bem, havia uma enfermeira que fazia muitas perguntas. Me perguntou se eu era alérgico a alguma coisa. Eu respondi: "sim". Todos pararam para ouvir a minha resposta: Tomei fôlego e gritei: "Sou alérgico a balas!"

Entre as risadas lhes disse: "Eu estou escolhendo viver, operem-me como um ser vivo, não morto.

João sobreviveu graças a persistência dos médicos, mas também graças a sua atitude. Aprendi que todo dia temos a opção de viver plenamente.

Afinal de contas, "ATITUDE É TUDO".

(Desconheço o autor)

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Arriscar



Se existem três sapos numa folha, e um deles decide pular da folha para a água, quantos sapos restam na folha? Resposta certa: três sapos! Porque o sapo apenas decidiu pular mas ele não fez isso. Às vezes a gente não se parece com o sapo?
Quando decidimos fazer isso, fazer aquilo e no final não fazemos nada? Na vida temos que tomar muitas decisões. Algumas fáceis outras difíceis. Rir é correr o risco de parecer tolo. Chorar é correr o risco de parecer sentimental. Abrir-se para alguém é arriscar envolvimento. Expor as idéias e sonhos é arriscar-se a perdê-los. Amar é correr o risco de não ser amado. Viver é correr o risco de morrer. Ter esperança é correr o risco de se decepcionar. Tentar é correr o risco de falhar.
Os riscos precisam ser enfrentados porque o maior fracasso na vida é não arriscar nada. A pessoa que não arrisca nada, não faz nada, não tem nada, é nada. Ela pode evitar o sofrimento e a dor mas não aprende, não sente, não muda, não cresce, não vive. É uma escrava que teme a liberdade. Apenas quem arrisca é livre.  

terça-feira, 24 de julho de 2012

Toxinas da casa

Diz dona Francisca, minha secretária, que acaba de chegar:
- "Antes de dar uma geral na casa, deixa eu te dar um abraço que
preste!" e ela me apertou.
Na matemática de dona Francisca,
="quatro abraços por dia dão para sobreviver;
=oito ajudam a nos manter vivos;
=12 fazem a vida prosperar".
Falando nisso, "vida nenhuma prospera se estiver pesada e intoxicada".
Já ouviu falar em toxinas da casa? Pois são:
- objetos que você não usa,
- roupas que você não gosta ou não usa há um ano,
- coisas feias,
- coisas quebradas, lascadas ou rachadas,
- velhas cartas, bilhetes,
- plantas mortas ou doentes,
- recibos/jornais/revistas, antigos,
- remédios vencidos,
- meias velhas, furadas,
- sapatos estragados...
Ufa, que peso!
"O que está fora está dentro e isso afeta a saúde", aprendi com dona Francisca.
"Saúde é o que interessa. O resto não tem pressa!",
ela diz, enquanto me ajuda a 'destralhar', ou liberar as tralhas da casa...
O 'destralhamento' é a forma mais rápida de transformar a vida e
ajudar as outras eventuais terapias.
Com o destralhamento:
- A saúde melhora;
- A criatividade cresce;
- Os relacionamentos se aprimoram...
É comum se sentir cansado, deprimido, desanimado, em um ambiente
cheio de entulho,
pois "existem fios invisíveis que nos ligam à tudo aquilo que possuímos".
Outros possíveis efeitos do "acúmulo e da bagunça":
- sentir-se desorganizado; fracassado; limitado; aumento de peso;
apegado ao passado...
> No porão e no sótão, as tralhas viram sobrecarga;
> Na entrada, restringem o fluxo da vida;
> Empilhadas no chão, nos puxam para baixo;
> Acima de nós, são dores de cabeça;
> "Sob a cama, poluem o sono".
> "Oito horas, para trabalhar; Oito horas, para descansar; Oito horas, para se cuidar."
Perguntinhas úteis na hora de destralhar-se:
- Por que estou guardando isso?
- Será que tem a ver comigo hoje?
- O que vou sentir ao liberar isto?
....e vá fazendo pilhas separadas...
- Para doar!
- Para jogar fora!
- Para mandar embora!
Para destralhar mais:
- livre-se de barulhos,
- das luzes fortes,
- das cores berrantes,
- dos odores químicos,
- dos revestimentos sintéticos...
e também...
- libere mágoas,
- pare de fumar,
- diminua o uso da carne,
- termine projetos inacabados.
"Acumular nos dá a sensação de permanência, apesar de a vida ser
impermanente", diz a sabedoria oriental.
O Ocidente resiste a essa idéia e, assim, perde contato com o sagrado
instante presente.
Dona Francisca me conta que
="as frutas nascem azedas e no pé, vão ficando docinhas com o tempo"...
a gente deveria de ser assim, ela diz:
"Destralhar ajuda a adocicar."
Se os sábios concordam, quem sou eu para discordar?
“Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar”
*Dalai Lama*

Chama da alma

Havia um rei que apesar de ser muito rico, tinha a fama de ser um grande doador, desapegado de sua riqueza. De uma forma bastante estranha, quanto mais ele doava ao seu povo, auxiliando-o, mais os cofres do seu fabuloso palácio se enchiam.
Um dia, um sábio que estava passando por muitas dificuldades, procurou o rei. Ele queria descobrir qual era o segredo daquele monarca.
Como sábio, ele pensava e não conseguia entender como é que o rei, que não estudava as sagradas escrituras, nem levava uma vida de penitência e renúncia, ao contrário, vivia rodeado de luxo e riquezas, podia não se contaminar com tantas coisas materiais.
Afinal, ele, como sábio, havia renunciado a todos os bens da terra, vivia meditando e estudando e, contudo, se reconhecia com muitas dificuldades na alma. Sentia-se em tormenta. E o rei era virtuoso e amado por todos.
Ao chegar em frente ao rei, perguntou-lhe qual era o segredo de viver daquela forma, e ele lhe respondeu:
"Acenda uma lamparina e passe por todas as dependências do palácio e você descobrirá qual é o meu segredo." Porém, há uma condição: se você deixar que a chama da lamparina se apague, cairá morto no mesmo instante.
O sábio pegou uma lamparina, acendeu e começou a visitar todas as salas do palácio. Duas horas depois voltou à presença do rei, que lhe perguntou:
"Você conseguiu ver todas as minhas riquezas?"
O sábio, que ainda estava tremendo da experiência porque temia perder a vida, se a chama apagasse, respondeu:
"Majestade, eu não vi absolutamente nada. Estava tão preocupado em manter acesa a chama da lamparina que só fui passando pelas salas, e não notei nada."
Com o olhar cheio de misericórdia, o rei contou o seu segredo:
"Pois é assim que eu vivo. Tenho toda minha atenção voltada para manter acesa a chama da minha alma que, embora tenha tantas riquezas, elas não me afetam."
"Tenho a consciência de que sou eu que preciso iluminar meu mundo com minha presença e não o contrário."
O sábio representa na história as pessoas insatisfeitas, aquelas que dizem que nada lhes sai bem. Vivem irritadas e afirmam ter raiva da vida.
O rei representa as criaturas tranqüilas, ajustadas, confiantes. Criaturas que são candidatas ao triunfo nas atividades que se dedicam. São sempre agradáveis, sociáveis e estimuladoras.
Quando se tornam líderes, são criativas, dignas e enriquecedoras.
Deste último grupo saem os que promovem o desenvolvimento da sociedade, os gênios criadores e os grandes cultivadores da verdade.
(Autor desconhecido)

terça-feira, 5 de junho de 2012

A Santa Ceia

Diz uma lenda referente à pintura da Santa Ceia, ou "A Última Ceia de Jesus com seus Apóstolos", que ao conceber este quadro, Leonardo da Vinci deparou-se com uma grande dificuldade: precisava pintar o bem – na imagem de Jesus e o mal – na figura de Judas, o amigo que resolvera traí-lo durante o jantar.

Em função disso, interrompeu o trabalho no meio, até que conseguisse encontrar os modelos ideais.

Certo dia, enquanto assistia um coral, viu em um dos cantores a imagem perfeita de Cristo. Convidou-o para o seu ateliê, e reproduziu seus traços em estudos e esboços.

Passaram-se três anos. "A Última Ceia" estava quase pronta - mas da Vinci ainda não havia encontrado o modelo ideal de Judas. O cardeal, responsável pela igreja, começou a pressioná-lo, exigindo que terminasse logo o mural.

Depois de muitos dias procurando, o pintor finalmente encontrou um jovem prematuramente envelhecido, bêbado, esfarrapado, atirado na sarjeta.

Imediatamente pediu aos seus assistentes que o levassem até a igreja.

Da Vinci, copiava as linhas da impiedade, do pecado, do egoísmo, tão bem delineadas na face do mendigo que mal conseguia parar em pé.

Quando terminou, o jovem – já um pouco refeito da bebedeira – abriu os olhos e notou a pintura à sua frente.

E disse numa mistura de espanto e tristeza:

– Eu já vi este quadro antes!

– Quando? – perguntou um surpreso da Vinci.

Há três anos, antes de eu perder tudo o que tinha. Numa época em que eu cantava num coro, tinha uma vida cheia de sonhos e o artista me convidou para posar como modelo para a face de Jesus.
(Autor desconhecido)

terça-feira, 24 de abril de 2012

Sobre a diferença entre os portões da cidade e as bocas

Outrora vivia um rei oriental cuja sabedoria iluminava o país como um sol, cuja inteligência era ímpar, cujas riquezas superavam largamente as de qualquer outra pessoa. Um dia um vizir de semblante triste abordou-o.
"Grande sultão, Vossa majestade é o homem mais sábio, maior e mais poderoso da vida e da morte. Mas o que eu ouvia enquanto viajava pelo país? Em toda parte as pessoas vos elogiam, mas algumas pessoas falaram muito mal de Vossa Majestade. Contaram piadas e reclamaram das vossas decisões sábias. Como é que acontece, mais poderoso entre os poderosos, de existir tamanha insubordinação em vosso reino?"
O sultão sorriu indulgentemente e respondeu: "Como todos os homens de meu reino, tu sabes o que tenho realizado por todos vós. Sete países estão sob meu controle. Sob meu governo, sete países alcançaram progresso e prosperidade. Em sete países, as pessoas me amam por causa da minha justiça. Tu certamente tens razão. Posso fazer muita coisa. Posso mandar fechar os portões gigantescos das minhas cidades. Mas há uma coisa que não posso fazer. Não posso fechar a boca dos meus súditos. Realmente, não é uma questão das coisas más que algumas pessoas dizem a meu respeito. O importante é que eu faça o bem."
Do livro: O Mercador e o Papagaio - Nossrat Peseschkian - Papirus Editora

O dinheiro e a justiça

Certo dia, o Imperador me abordou com o seguinte dilema:
- Nasrudin, se eu colocasse em um prato moedas de ouro e em outro justiça, qual você escolheria?
- Certamente escolheria o prato de moedas de ouro - respondi sem pestanejar.
O Imperador se surpreendeu com a minha resposta tão pouco nobre.
- Como? Dinheiro? O que o dinheiro tem de especial?
- Quer dizer que o senhor escolheria a justiça?
- Claro! A justiça é coisa que nem sempre se encontra, portanto, rara.
- O senhor escolhe assim como eu, o que lhe faz falta! O senhor escolhe a justiça porque não a tem.
Do livro: Eu, Nasrudin - Editora Premius

quinta-feira, 1 de março de 2012

O valor da TOLERÂNCIA

Quando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar. E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho muito duro. Naquela noite, minha mãe pôs um prato de ovos, lingüiça e torradas* *bastante queimadas, defronte ao meu pai. Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia na escola.

Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geléia e engolindo cada bocado. Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada.

E eu nunca esquecerei o que ele disse: " - Adorei a torrada queimada..."

Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada. Ele me envolveu em seus braços e me disse:

" - Companheiro, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada... Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém....

A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas. E eu tambem não sou o melhor marido, empregado, ou cozinheiro, talvez nem o melhor pai, mesmo que tente todos os dias! O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros. Desde que eu e sua mãe nos unimos, aprendemos, os dois, a suprir as falhas do outro. Eu sei cozinhar muito pouco, mas aprendi a deixar uma panela de alumínio brilhando.

Ela não sabe usar a furadeira, mas após minhas reformas, ela faz tudo ficar cheiroso, de tão limpo.

Eu não sei fazer uma lasanha como ela, mas ela não sabe assar uma carne como eu.

Eu nunca soube fazer você dormir, mas comigo você tomava banho rápido, sem reclamar.

A soma de nós dois monta o mundo que você recebeu e que te apóia, eu e ela nos completamos. Nossa família deve aproveitar este nosso universo enquanto temos os dois presentes.

De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos, colegas e com amigos.

Então filho, se esforce para ser sempre tolerante, principalmente com quem dedica o precioso tempo da vida, a você e ao próximo.”

"Dê a quem você ama  asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar."(Dalai Lama)

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Os Cinco Sinos

(Autor desconhecido)

Era uma vez um hotel chamado Estrela de Prata. O hoteleiro não conseguia fazer a receita cobrir as despesas, embora se esforçasse ao máximo para atrair hóspedes oferecendo um hotel confortável, um serviço cordial e preços razoáveis. Por isto, desesperado, foi consultar um sábio.
- É muito simples. Você deve mudar o nome do hotel.
- Impossível, - retrucou o hoteleiro. - Há gerações ele é Estrela de Prata, assim é conhecido em todo o país.
- Não, - disse o sábio com firmeza. - Agora você deve chamá-lo de Cinco Sinos e, na entrada, colocar uma fileira de seis sinos.
- Seis sinos? Isso é absurdo! De que adiantaria?
- Experimente e verá, - recomendou o sábio com um sorriso.
Então, o hoteleiro experimentou, e eis o que viu: cada viajante que passava pelo hotel fazia questão de entrar para apontar o erro, acreditando que ninguém o notara. Uma vez lá dentro, impressionava-se com a cordialidade dos serviços e ficava para repousar, propiciando ao hoteleiro, desse modo, rendimentos que ele não conseguira por tanto tempo.
Às vezes, o esforço, a persistência e a insistência não são suficientes para levar-nos ao objetivo almejado. É preciso mudar.
Mudar conceitos, a forma de pensar, a forma de agir. Mudar o caminho traçado.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O Poder das Palavras

Sempre num lugar onde passavam muitas pessoas, um mendigo sentava-se na calçada e ao lado
colocava uma placa com os dizeres:
-Vejam como sou feliz!
- Sou um homem próspero, sei que sou bonito, sou muito importante, tenho uma bela residência,
vivo confortavelmente, sou um sucesso, sou saudável e bem humorado.
Alguns passantes o olhavam intrigados, outros o achavam doido e outros até davam-lhe dinheiro.
Todos os dias, antes de dormir, ele contava o dinheiro e notava que a cada dia a quantia era maior.
Numa bela manhã, um importante e arrojado executivo, que já o observava há algum tempo,
aproximou-se e lhe disse:
- Você é muito criativo! Não gostaria de colaborar numa campanha da empresa?
- Vamos lá. Só tenho a ganhar', respondeu o mendigo.
Após um caprichado banho e com roupas novas, foi levado para a empresa.
Daí pra frente sua vida foi uma seqüência de sucessos e a certo tempo ele tornou-se um dos sócios
majoritários.
Numa entrevista coletiva à imprensa, ele esclareceu de como conseguira sair da mendicância para
tão alta posição.
Contou ele: -Bem, houve época em que eu costumava me sentar nas calçadas com uma placa ao
lado, que dizia:
- Sou um nada neste mundo! Ninguém me ajuda! Não tenho onde morar! Sou um homem
fracassado e maltratado pela vida! Não consigo um mísero emprego que me renda alguns trocados!
Mal consigo sobreviver!'
As coisas iam de mal a pior quando, certa noite, achei um livro e nele atentei para um trecho que
dizia:
- Tudo que você fala a seu respeito vai se reforçando. Por pior que esteja a sua vida, diga que tudo
vai bem. Por mais que você não goste de sua aparência, afirme-se bonito. Por mais pobre que seja
você, diga a si mesmo e aos outros que você é próspero.
Aquilo me tocou profundamente e, como nada tinha a perder, decidi trocar os dizeres da placa para:
- Vejam como sou feliz! Sou um homem próspero, sei que sou bonito, sou muito importante, tenho
uma bela residência, vivo confortavelmente, sou um sucesso, sou saudável e bem humorado.
E a partir desse dia tudo começou a mudar, a vida me trouxe a pessoa certa para tudo que eu
precisava, até que cheguei onde estou hoje. Tive apenas que entender o Poder das Palavras. O
universo sempre apoiará tudo o que dissermos, escrevermos ou pensarmos a nosso respeito e isso
acabará se manifestando em nossa vida como realidade. Enquanto afirmarmos que tudo vai mal, que
nossa aparência é horrível, que nossos bens materiais são ínfimos, a tendência é que as coisas
fiquem piores ainda, pois o Universo as reforçará. Ele materializa em nossa vida todas as nossas
crenças.
Uma repórter ironicamente questionou:
- O senhor está querendo dizer que algumas palavras escritas numa simples placa modificaram a sua
vida?
Respondeu o homem, cheio de bom humor:
- Claro que não, minha ingênua amiga! Primeiro eu tive que acreditar nelas!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A Lenda das Três Árvores

Havia no alto de uma montanha três árvores que sonhavam o que seriam depois de grandes.
A primeira, olhando as estrelas, disse:
"Eu quero ser o baú mais precioso do mundo, cheio de tesouros".

A segunda, olhando o riacho, suspirou: "Eu quero ser um navio grande para transportar reis e rainhas".
A terceira, olhou para o vale e disse:
"Quero ficar aqui no alto da montanha e crescer tanto que as pessoas, ao olharem para mim, levantem os olhos e pensem em Deus".

Muitos anos se passaram e certo dia três
lenhadores cortaram as árvores que estavam ansiosas em ser transformadas naquilo que sonhavam. Mas os lenhadores não costumavam ouvir ou entender de sonhos...que pena! A primeira árvore acabou sendo transformada em um cocho de animais coberto de feno.
 A segunda virou um simples barco de pesca, carregando pessoas e peixes todos os dias.
A terceira foi cortada em grossas vigas e colocada de lado num depósito. Então, desiludidas e tristes, as três perguntaram:
 - Porque isto?
Entretanto, numa bela noite, cheia de luz e estrelas, uma jovem mulher colocou seu bebê recém-nascido naquele cocho de animais. E de repente, a primeira árvore percebeu que continha o maior tesouro do mundo. A segunda árvore estava transportando um homem que acabou por dormir no barco em que se
transformara. E quando uma tempestade quase afundou o barco, o homem levantou-se e disse:
"PAZ" E, num relance, a segunda árvore entendeu que estava transportando o rei
do céu e da terra! Tempos mais tarde, numa sexta-feira, a terceira árvore espantou-se quando suas vigas foram unidas em forma de cruz e um homem foi pregado nela. Logo sentiu-se horrível e cruel. Mas, no domingo seguinte, o mundo vibrou de alegria. E a terceira árvore percebeu que nela havia sido pregado um homem para a salvação da humanidade e que as pessoas sempre se lembrariam de Deus e de seu Filho ao olharem para ela.
 As árvores haviam tido sonhos e desejos. Mas, sua realização foi mil vezes maior do que haviam imaginado. Portanto, não esqueça:

" Não importa o tamanho do seu sonho! Acreditando nele a sua vida ficará mais bonita e muito melhor de ser vivida! "