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terça-feira, 24 de abril de 2012

Sobre a diferença entre os portões da cidade e as bocas

Outrora vivia um rei oriental cuja sabedoria iluminava o país como um sol, cuja inteligência era ímpar, cujas riquezas superavam largamente as de qualquer outra pessoa. Um dia um vizir de semblante triste abordou-o.
"Grande sultão, Vossa majestade é o homem mais sábio, maior e mais poderoso da vida e da morte. Mas o que eu ouvia enquanto viajava pelo país? Em toda parte as pessoas vos elogiam, mas algumas pessoas falaram muito mal de Vossa Majestade. Contaram piadas e reclamaram das vossas decisões sábias. Como é que acontece, mais poderoso entre os poderosos, de existir tamanha insubordinação em vosso reino?"
O sultão sorriu indulgentemente e respondeu: "Como todos os homens de meu reino, tu sabes o que tenho realizado por todos vós. Sete países estão sob meu controle. Sob meu governo, sete países alcançaram progresso e prosperidade. Em sete países, as pessoas me amam por causa da minha justiça. Tu certamente tens razão. Posso fazer muita coisa. Posso mandar fechar os portões gigantescos das minhas cidades. Mas há uma coisa que não posso fazer. Não posso fechar a boca dos meus súditos. Realmente, não é uma questão das coisas más que algumas pessoas dizem a meu respeito. O importante é que eu faça o bem."
Do livro: O Mercador e o Papagaio - Nossrat Peseschkian - Papirus Editora

O dinheiro e a justiça

Certo dia, o Imperador me abordou com o seguinte dilema:
- Nasrudin, se eu colocasse em um prato moedas de ouro e em outro justiça, qual você escolheria?
- Certamente escolheria o prato de moedas de ouro - respondi sem pestanejar.
O Imperador se surpreendeu com a minha resposta tão pouco nobre.
- Como? Dinheiro? O que o dinheiro tem de especial?
- Quer dizer que o senhor escolheria a justiça?
- Claro! A justiça é coisa que nem sempre se encontra, portanto, rara.
- O senhor escolhe assim como eu, o que lhe faz falta! O senhor escolhe a justiça porque não a tem.
Do livro: Eu, Nasrudin - Editora Premius